lembras-te de quando eu te dizia e se hoje formos por outro caminho? quanto do nosso futuro pode ser transformado?, tu não entendias e dizias que eu não fazia sentido? eu aborrecia-me sempre mas nunca deixava de te perguntar coisas parecidas. e dizia-te que tudo o que vivemos é único e mágico e que nenhum momento pode ser repetido exactamente da mesma forma.
tu dizias que o destino nos fez cruzar naquela noite e que eu era a mulher da tua vida e eu ria e tentava dizer-te que era disso de que te falava às vezes. do destino, do universo e das coisas determinadas.
e tu não entendias mas nunca perguntaste nada. e eu aborrecia-me mas continuava a falar-te das coisas que me intrigam e que ainda hoje são as mesmas e tudo porque acho que quando gostamos de uma pessoa nos esforçamos pelo menos para entender o que ela diz.
acho que foi por isso que aprendi a jogar poker, da mesma forma que me inscrevi no futebol para conversar com o meu pai. acho que a dada altura, foi a única coisa que eu e tu tivémos em comum.
para mim estas coisas faziam sentido, ainda que nem sempre precise dele. para mim, fazem ainda.
não preciso que saibas de mim. mas hoje quando nos cruzámos na rua e olhaste para o chão como fazes sempre que me vês, eu voltei a pensar no que te dizia, sobre a escolha de uma rua.
hoje, tenho a mesma relação com as encruzilhadas. páro apenas por um instante. e continuo a ocupar horas imaginando quanto do meu caminho é determinado por uma ou outra direcção, quem a escolhe, se eu a mudo ou se ela me muda a mim.
e quanto ao poker, aposto que hoje já te ganhava. tanto na mesa como na vida. tu continuas um homem de bluff. eu fui sempre uma mulher de all-in.
Fogo Posto
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