Monday, August 30, 2004

Madrugada


Há dias que não têm madrugada
Pois que a noite se prolonga dia adentro
E há sempre uma noite mal tragada
Por um dia em que nunca, nunca entro.
E há violetas que morrem nas estradas
Num dia em que não houve procissão;
E que foram postas lá p'ra ser pisadas
Por passos esperados sempre em vão.
E tudo se acaba em um só momento.
No último estremecer de um lamento
Não mais amor, tristeza, fuga ou ânsia
Apenas o vazio do nosso desencanto
Apenas o acre saber que te amei tanto
E que tudo se perdeu em tal distância...

Maria Seixas

Sunday, August 29, 2004

Desabafo

Aiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii
iiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii
iiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii!!

Friday, August 27, 2004

Despertar


É de manha, quando as estrelas se recolhem
e os sonhos são sugados pela luz,
que uma mão de ferro me aperta
o lado esquerdo do peito, lugar do coração.

É de manhã, quando recomeçam meus passos
automáticos, ligeiros, porque conheço
de cor os corredores da minha casa,
que o quotidiano se impõe como um fantasma.
Atravesso-a com a mente plena
dos versos que recordei em sonhos
e organizo as tarefas do dia
como quem foi condenado a viver.
Só sou eu, de novo,
reflectida nos silêncios e imagens
do meu segundo espelho,
onde toda a música começa...

M.S.

Adeus

Como se houvesse uma tempestade
escurecendo os teus cabelos,
ou se preferes, a minha boca nos teus olhos,
carregada de flor e dos teus dedos;

como se houvesse uma criança cega
aos tropeções dentro de ti,
eu falei em neve, e tu calavas
a voz onde contigo me perdi.

Como se a noite viesse e te levasse,
eu era só a fome o que sentia;
digo-te adeus, como se não voltasse
ao país onde o teu corpo principia.

Como se houvesse nuvens sobre nuvens,
e sobre as nuvens mar perfeito,
ou se preferes, a tua boca clara
singrando largamente no meu peito.

E. Andrade

Thursday, August 26, 2004

Trenga

Ás vezes sinto vontade de chorar e desaparecer ou cavar um buraco na terra e enterrar a cabeça à espera que o mundo desapareça. Só que ele não desaparece...

Monday, August 23, 2004

Outra Porta

Quando nos envolvemos com alguém de tal forma que as nossas respectivas identidades se fundem, a identidade de cada um dissolve-se.

O que pode então acontecer, é algum dos membros sentir que perdeu a identidade, querer reencontrá-la e achar que, para isso, tem de se separar.

Duas pessoas estão unidas quando nenhuma, abdicando daquilo que é ao nível do essencial, mutuamente se respeitam em tudo aquilo que as diferencia.

M.J.F.

Pois é...

Voltei.