Friday, August 22, 2008

História Zen

 Um mestre zen estava a pintar um quadro e tinha o principal discípulo sentado a seu lado para lhe dizer quando o quadro estava perfeito. 
 O discípulo estava preocupado e o mestre também, porque  o primeiro nunca tinha visto o mestre fazer nada que fosse imperfeito. Porém, nesse dia as coisas começaram a correr mal. O mestre tentou e quanto mais tentava, mais aquilo estava uma confusão.
No Japão ou na China, toda a arte da caligrafia é escrita em papel feito com a árvore de papel de arroz, num determinado papel muito sensível, muito frágil. Se a pessoa hesita um pouco, há séculos que é sabido onde hesitou o calígrafo, porque mais tinta se espalha no papel e fica uma porcaria. É muito difícil enganar em papel de arroz. É preciso continuar a fluir, sem hesitar. Seja por um momento apenas, por uma milésima de segundo, se a pessoa hesita (que fazer?), falhou, já falhou. E uma pessoa com bom olho diz logo "Não é de modo algum um quadro zen", porque um quadro destes tem de ser espontâneo, de fluir.
O mestre tentou e voltou a tentar, mas quanto mais tentava... e começou a suar. E o discípulo estava ali sentado a abanar a cabeça uma e outra vez de maneira negativa.
- Não, não está perfeito.
 E o mestre fazia cada vez mais erros.
 A tinta estava a acabar, por isso o mestre disse:
- Vai preparar mais tinta.
 Enquanto o discípulo estava fora a preparar a tinta, o mestre fez a sua obra-prima. 
 Quando o discípulo voltou, disse:
- Está perfeito, Mestre! Que aconteceu?
O mestre riu-se e disse:
- Apercebi-me de uma coisa. A tua presença, a simples ideia de que alguém está aqui para apreciar ou condenar, para dizer sim ou não, pertubou a minha tranquilidade interior. A partir de agora nunca mais serei incomodado. Aprendi que estava a tentar torná-lo perfeito e que esse era o único motivo para ele não o ser.


retirado do livro de Osho
"Criatividade
  libertar as forças interiores"

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