Penso muitas vezes nos meus bisavós. Não consigo evitar as lágrimas quando falo deles. Era a vó Maria que fazia a roupa das minhas bonecas e mesmo as próprias bonecas, como a Genoveva que nunca mais vi...que nunca mais esqueci... Era só uma boneca de trapos, mas feita e baptizada pela minha avó.
Depois havia os brincos da vó Maria... Eu tinha um fascínio inexplicável por aqueles brincos e ela dizia sempre:
- São teus, quando eu morrer ficas com eles.
- Assim não quero, vó.
Um dos dias mais tristes da minha vida, foi quando o meu bisavô me entregou os brincos numa caixinha...
O meu avô... Sempre muito calmo e brincalhão... Vou guardar sempre esta imagem dele...
Sofreu um ataque cardíaco no dia do meu aniversário. Esteve um mês nos cuidados intensivos...e ainda acredito que esteve à minha espera naquela sexta-feira. Quando cheguei ao hospital não me queriam deixar vê-lo. "Não vale a pena...já não reconhece ninguém..."
Estava de olhos fechados. Sussurrei-lhe ao ouvido: Vô, tou aqui... Tou aqui...
Faleceu pouco depois de eu sair. Quero acreditar que só abriu os olhos porque soube quem era.
Tenho medo de perder as pessoas de quem gosto.
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