"Estávamos sentados na praia, sobre a areia, frente ao mar, a olhar o sol que se punha.
À nossa frente havia rochas e ondas. Numa superfície molhada, alisada pela espuma, estavam marcadas as pegadas das gaivotas que a nossa presença afugentara.
- Já alguma vez pensaste que o universo é uma mão cheia de areia? - perguntei eu, deixando escorrer por entre os dedos os grãozinhos finos que se assemelhavam a uma multidão de estrelas em miniatura correndo para o infinito.
- E nos segundos em que a areia corre livre no ar pode ter decorrido uma imensidão, toda a vida de um universo... Ao pensar nisto sinto-me muito pequena perante a grandiosidade do mundo...
Ele olhava para mim, por detrás dos óculos escuros, com aqueles olhos encantadores que tem... E enquanto eu estava lá longe, para além do sol que descia no horizonte, ele recolheu entre os dedos toda a areia que pôde apanhar e deixou-a cair, muito suavemente, muito lentamente sobre a minha mão aberta. Os primeiros grãos minúsculos caíram na rocha.
- Agarra. Não queres? Estou a dar-te todo o universo. Agarra-o bem, não o deixes fugir.
Foi nesse instante que senti que havia qualquer coisa a unir-nos e que vale a pena viver.
Momentos mais tarde o sol escondeu-se todo sobre o oceano e eu guardei, dentro de mim, todo o universo que me fora dado."
À nossa frente havia rochas e ondas. Numa superfície molhada, alisada pela espuma, estavam marcadas as pegadas das gaivotas que a nossa presença afugentara.
- Já alguma vez pensaste que o universo é uma mão cheia de areia? - perguntei eu, deixando escorrer por entre os dedos os grãozinhos finos que se assemelhavam a uma multidão de estrelas em miniatura correndo para o infinito.
- E nos segundos em que a areia corre livre no ar pode ter decorrido uma imensidão, toda a vida de um universo... Ao pensar nisto sinto-me muito pequena perante a grandiosidade do mundo...
Ele olhava para mim, por detrás dos óculos escuros, com aqueles olhos encantadores que tem... E enquanto eu estava lá longe, para além do sol que descia no horizonte, ele recolheu entre os dedos toda a areia que pôde apanhar e deixou-a cair, muito suavemente, muito lentamente sobre a minha mão aberta. Os primeiros grãos minúsculos caíram na rocha.
- Agarra. Não queres? Estou a dar-te todo o universo. Agarra-o bem, não o deixes fugir.
Foi nesse instante que senti que havia qualquer coisa a unir-nos e que vale a pena viver.
Momentos mais tarde o sol escondeu-se todo sobre o oceano e eu guardei, dentro de mim, todo o universo que me fora dado."
Orlando Dinis
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